Em 2020 assinala-se o primeiro Dia Internacional de Sensibilização para as Perdas e o Desperdício de Alimentos

Em 2020 assinala-se o primeiro Dia Internacional de Sensibilização para as Perdas e o Desperdício de Alimentos

Os números falam por si; na UE, estima-se que 20 % de todos os alimentos que produzimos são perdidos ou desperdiçados, mas, ao mesmo tempo, 33 milhões de pessoas não podem pagar uma refeição de qualidade de dois em dois dias.

Aos devastadores impactos sociais e económicos, juntam-se também os impactos ambientais. Quando os alimentos são perdidos ou desperdiçados, todos os recursos que foram utilizados para produzir estes alimentos – incluindo água, terra, energia, trabalho e capital – vão para o lixo.  É assim, fundamental repensar os nossos sistemas alimentares e reconhecer a importância de promover processos e medidas que permitam trabalhar em toda a cadeia de produção, ou seja desde o modo como produzimos e processamos os alimentos, até às cadeias de abastecimento que os trazem a nossas casas.

O papel dos Municípios aqui pode ser determinante, uma vez que dispõem de infraestruturas e sistemas que lhes permite aferir os níveis de desperdício alimentar, seja nas escolas , seja através dos sistema de coleta de lixos. Perante a informação podem depois promover um conjunto de processos de sensibilização e mesmo adotar ações concretas para evitar o desperdício alimentar.

Paris e Milão são apenas alguns dos exemplos. Em Paris existe uma estratégia integrada para evitar o desperdício alimentar e em Milão o Município distribui  às escolas das cidades embalagens de take away aos alunos para evitar que almoços meio acabados acabem no lixo. Estratégia semelhante seguida pelo Porto através do projeto “Embrulha.”, uma iniciativa conjunta com a LIPOR contra o desperdício alimentar, que só no primeiro reaproveitou no primeiro semestre de 2018, 84 toneladas de alimentos evitando a produção do equivalente a 1 76 toneladas de dióxido de carbono foi ontem anunciado. Em Lisboa,  no âmbito do movimento Zero Desperdício, uma iniciativa da associação Dar e Acordar – que pretende acabar com o desperdício alimentar em Portugal – a Câmara Municipal de Lisboa, a e a Fundação Calouste Gulbenkian, foi assinado em 2014, um protocolo de colaboração que prevê a expansão desse movimento a diversas áreas de intervenção do município e seus principais parceiros, e a consequente afirmação de Lisboa como a primeira capital mundial Zero Desperdício. E entre as cidades associadas a este movimento estão membros da RICD (ver cidades associadas), demonstrando a vontade de colaborativamente participar em movimentos de cidadania ativa.

Os processos adotados a nível de desperdício alimentar são também uma estratégia para as cidades cumprirem com o Acordo de Paris que que exige que se reduzam as emissões de gases de efeito estufa em 40% até 2030. Relembramos que apesar de cobrirem apenas 2% da superfície da nossa casa comum, as áreas urbanas habitadas por mais de 4 mil milhões de pessoas, as cidades são responsáveis por 60% do consumo de energia, 70% das emissões de gases de efeito estufa e 70% de resíduos.

Como uma matriz complexa e dinâmica, as cidades capazes de interligar estratégias e adaptarem-se aos nossos desafios que hoje enfrentamos coletivamente, através por exemplo, de uma estratégia de localização dos ODS eficiente, são aquelas que vão assegurar a qualidade de vida dos seus habitantes e contribuir de forma decisão para um mundo mais justo, inclusiva e sustentável.

Saiba como desenvolver uma estratégia municipal de desperdício zero aqui

Mais sobre zero waste cities em: https://zerowastecities.eu/

Photo by Diego Passadori on Unsplash